sexta-feira, 3 de julho de 2009

No escuro.

Tão difícil buscar inspiração quando estamos vazios. As palavras que antes pareciam jorrar de nossas mentes tentando se libertar, agora se escondem em pequenos casulos de vidro blindado, de onde parece que nunca mais vão sair obrigando-nos a nos calar.
Talvez falte ar, luz, som ou fatos. Fatos. Melhor que sonhar com eles é torna-los reais apenas com palavras, ou com pequenos gestos. Quem sabe se alguma coisa voltar a ser como era, esse ar, essa luz, o som e os fatos daquele tempo em que eu podia confiar em mim e nos meus sentidos, tragam com eles essas palavras. Sílaba por sílaba, eu não tenho pressa. Uma frase sequer montada ja me faria ser eu outra vez.
É tudo tão instável, antes eu sabia o que eu queria, sabia onde iria e se daria certo, mas agora é como me jogar no escuro sem saber onde vou parar, se vou parar. Ficar vagando nessa vida passada, onde tudo que eu tinha cabia em minhas mãos e agora mal consigo me segurar nelas.
Eu sinto que basta abrir os olhos para as coisas voltarem ao seu devido lugar, mas cada vez que tento abri-los é como se os tivessem costurado com tantas linhas que nem mesmo a tesoura mais afiada consegue cortar. E até eu encontrar o que me faça realmente abrir os olhos, eu continuo vivendo no escuro, de onde eu mesma ainda não sei se tenho coragem de sair.

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