...Naquele momento ela olhou para trás no meio da rua, observando o garoto com cabelos enrolados e os olhos tapados, virado para parede amarelo-claro. Embaixo de um céu escuro de uma sexta-feira, sendo iluminada apenas pelas luzes dos postes na calçada, ela parou e ouviu seu tempo acabar. Mal sabia ela que este estava realmente no seu limite.
Ela correu para atrás de um carro quando ouviu o garoto gritar "prontos ou não, la vou eu". Ela estava pronta, sempre estava. Só não estava preparada para quando tudo isso acabasse.
Lá estava ela, encolhida atrás de uma das rodas. Olhou por de baixo do carro parado em frente à calça e saiu correndo em direção a parede onde antes se encontrava o menino com os olhos fechados, que agora ria, procurando o outro garoto que olhava para ela de trás de uma árvore, também rindo. Essa brincadeira durou horas, até que os três sentaram em frente à casa dela sujos e cansados para conversar por mais algumas horas, até a voz de suas mães e avós chamarem seus nomes, um a um para entrar, pois ja era tarde.
Hoje ela lembra exatamente desse dia, no qual deitou em sua cama cansada pelo dia cheio e desejou que isso nunca terminasse: as noites de sexta na rua iluminada apenas pelas luzes fracas nos postes, os dois garotos, a parede amarelo-claro, o carro, as conversas, as roupas sujas... Porém isso era apenas "brincadeira de criança". Mas ora, ela ainda é criança! Ou quer ser.
Atualmente o unico esconde-esconde que conhece é o de personalidades. E não é ela quem se esconde, ela procura e nunca encontra...as verdadeiras. É um infinito e cansativo jogo, onde ela se afasta cada vez mais de cada esconderijo e assim acaba nunca sendo encontrada também.
Ela só queria se encolher atrás das rodas e acabar salva no fim da brincadeira de novo.
Gostei do texto. Admiro as linhas de raciocínio.
ResponderExcluirMuito bem escrito. Gostei do tema obscuro.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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